José Lacerda de Azevedo
DADOS BIBLIOGRÁFICOS SOBRE JOSÉ LACERDA DE
AZEVEDO, SUA OBRA, E AÇÃO COMO ESPÍRITA E RELAÇÕES ENTRE APOMETRIA E MOVIMENTO
ESPÍRITA BRASILEIRO. (1)
José
Lacerda de Azevedo, filho de Constantino Francisco de Azevedo e Maria Lacerda
de Azevedo nasceu em 12.6.1919 e faleceu em 29.11.1997. Casou com sua prima
Dona Yolanda Lacerda de Azevedo em 24.5.1947, de cuja união nasceram duas
filhas, Maria Elisabeth e Regina Maria, a primeira advogada, mãe de Guilherme
Azevedo Portanova, a segunda, solteira, é aeronauta. Formado em Medicina, pela
UFRGS, turma de 1951, Dr. Lacerda exerceu sua profissão com amor e sapiência
até o seu desencarne. Foi cirurgião geral, ginecologista e, por último, clínico
geral. Não foi psiquiatra como muitos pensam. Exerceu, ainda magistério,
disciplina de Física, junto à Escola Técnica do SENAI. Dr. Lacerda, como foi
sempre chamado, era também formado em História Natural
e Belas Artes, pela UFRGS. Era um apaixonado pela natureza e, sem nunca ter
exposto, pintou diversos quadros de grande beleza. Aqueles que tiveram o
privilégio do convívio com o Dr. Lacerda sabem de sua sólida formação
intelectual, baseada em aprofundados conhecimentos de Matemática, Física,
Química, Botânica e História. Além de inteligência brilhante, cultura
enciclopédica e cientista de rara genialidade, ornou seu saber com um caráter
humanista e ilibada conduta moral. Foi espírita convicto e atuante desde a
juventude. Realizou durante mais de 50 anos, um trabalho dedicado, persistente,
assíduo e profícuo na área espiritual. Viveu a Doutrina Espírita com amor e por
amor. Coroou sua obra espiritual com o desenvolvimento e fundamentação
científica da Apometria e criação da
Casa do Jardim em 07.03.87, instituição espírita assistencial, com sede
própria à Rua Beck, 129 em
Porto Alegre. A Apometria está desenvolvida e fundamentada na
obra básica “Espírito/Matéria: Novos
Horizontes para a Medicina” editada pela primeira vez em 1988. Em "Energia e Espírito" (1993), formulou
novos e importantes conceitos e teorias sobre o espírito-energia e o
espaço-tempo. Há uma terceira obra, de ficção, em processo de editoração, na
qual deu vazão ao seu talento como romancista. A primeira obra versada para a
língua Inglesa e editada em 1996 pela New Falcom Publications de Tempe, Arizona
USA, sob o título “Spirit and Matter: New Horizons for Medicine”, universalizou
a Apometria. Dr. Lacerda não considerava o Espiritismo uma religião. Afirmava
que a Doutrina Espírita é uma realidade cósmica, infinitamente superior a
qualquer religião. Excluía de sua prática qualquer laivo de misticismo ou
fanatismo e muito fez para difundir esta doutrina como ciência e filosofia. Não
obstante esta concepção sabia e pregava que o Espiritismo tem conseqüências
religiosas por religar o homem a Deus. Mais do que isso, vivia o Espiritismo
como instrumento de caridade, servindo ao próximo através de suas prédicas e
inúmeros trabalhos espirituais. Ensinava que o Espiritismo é uma doutrina de
libertação, embasada em método científico, constituindo-se numa tentativa
racional, capaz de estabelecer uma ponte entre a ciência materialista e a
imaterialidade do Espírito. Para ele o codificador do Espiritismo – Allan
Kardec – estabeleceu uma ponte entre dois universos e possibilitou o estudo e o
melhor entendimento do Homem em seu duplo aspecto espírito/matéria. Pelo
Espiritismo, dizia ele, Leis foram reveladas, iluminando o “Conhece-te a ti
mesmo”. O Homem passou a ser visto como um continuum espaço-temporal, com todo
um cortejo de implicações dele decorrentes. Como resultado, novas concepções
nasceram e os ensinamentos evangélicos, dizia ele, reiteradas vezes, “deixaram
a poeira dos altares para se transformarem em Filosofia de Vida”. Explicava
que, tal como as correntes filosóficas orientais, o Espiritismo se embasa nos
princípios da Palingenesia ou Reencarnação, com o que se explica a Lei da
Evolução. Aduzia que, além disso, o Espiritismo incorpora em seus ensinamentos
a antiguíssima e bramânica Lei do Karma ou Lei da Responsabilidade Pessoal e
Coletiva, através da qual débitos e desvios morais, individuais e coletivos são
resgatados ao longo de múltiplas existências em que, também, são adquiridos os
valores imprescindíveis ao aperfeiçoamento de nosso Ser Imortal e da sociedade
como um todo. Dr. Lacerda costumava dizer que Kardec criou o Espiritismo e que
os espíritas brasileiros criaram o “Kardecismo”, uma prática ou tentativa de
vivência da Doutrina Espírita, permeada de religiosidade, com tendência a se
transformar em crença ou seita. Quanto a Umbanda, ele a via como uma Filosofia
de vida e prática mediúnica útil e necessária ao povo brasileiro, ainda tão
apegado a liturgias e rituais. Dizia que a Umbanda era uma ponte entre o
Catolicismo Dominante e o Espiritismo Libertador. Assim pensando, compreendia,
permitia e estimulava, quando necessário, a manifestação de entidades
espirituais nas faixas (personalidades) de pretos-velhos, caboclos, etc. Usava
cantar pontos de Umbanda para a harmonização do ambiente de trabalho o que hoje
sabemos, funcionam com mantras liberadores de energias poderosas. Os sons
harmônicos constituem excelente auxílio em trabalhos apométricos. Dado a essa
visão larga e liberal e a não aceitar imposições ou normas de trabalho e
pesquisa que não aquelas “comprometidas com o amor e a verdade”, como costumava
dizer, Dr. Lacerda foi incompreendido pelas elites diretoras do movimento
espírita brasileiro e, como conseqüência a Apometria, ainda, não é aceita por
muitas casas espíritas que cumprem a orientação da Federação Espírita
Brasileira e de suas congênes estaduais. Lamentável é que a maioria dos que
criticam e se opõem à Apometria, jamais leram seus textos básicos ou, sequer, assistiram
um trabalho apométrico bem orientado. Julgam por ouvir dizer, e anematizam uma
técnica que, em muito, pode auxiliar os propósitos do Espiritismo em sua tarefa
redentora. A Apometria é apenas uma técnica de trabalho. Não propõe qualquer
alteração nem acrescenta nada aos fundamentos filosóficos, morais e
filantrópicos da Doutrina Espírita. Felizmente os que compreendem a Apometria
multiplicam-se a cada dia. Hoje o número dos que estudam e aplicam a Apometria,
com amor e por amor, contam-se aos milhares. Acreditamos que, muito em breve,
incompreensões e resistências, comuns a toda idéia nova e revolucionária, face
a clareza de propósitos, fidelidade ao amor e a verdade em que se fundamenta a
Apometria, cairão. A Apometria será, antão, mais um dos muitos instrumentos de
trabalho espiritual pelos quais a Misericórdia Divina nos socorre e ampara.
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(1) Texto retirado de parte do trabalho apresentado por
Carlos Iguassú Nogueira Barradas no 5º Congresso Brasileiro de Apometria, em
15/10/2000 Lages – SC